Apesar das rígidas restrições impostas pelo governo dos EUA sobre a venda de processadores de inteligência artificial para a China, um relatório do New York Times revelou que contrabandistas e empresas estão ajudando o governo chinês, incluindo seu exército, a adquirir ilegalmente esses chips da NVIDIA.
O comércio clandestino de chips
Desde o governo de Donald Trump, as restrições na chamada Lista de Entidades Controladas para Exportação foram reforçadas, e o governo de Joe Biden continuou a expandir essas medidas. No entanto, de acordo com a investigação do NYT, empresas de todo o mundo encontraram formas de contornar essas restrições, criando um comércio ativo para fornecer chips proibidos à China.
O NYT falou com representantes de 11 empresas na China, que confirmaram que estavam vendendo ou transportando os chips restritos para compradores chineses. Além disso, eles descobriram que pelo menos uma dúzia de outras empresas também estavam envolvidas nessas vendas ilegais por meio de canais on-line. Em Shenzhen, por exemplo, foram realizadas transações de milhares de chips, incluindo uma transação avaliada em US$ 103 milhões, uma das maiores vendas confirmadas na investigação.
Estratégias para burlar as restrições
O relatório do NYT, em colaboração com o Centro de Estudos de Defesa, também revelou que mais de uma dúzia de empresas afiliadas a essas transações compraram chips restritos, alguns dos quais foramsancionados por ajudar a modernizar as forças armadas chinesas. A NVIDIA e outras empresas norte-americanas, como a Intel e a Microsoft, dizem que cumprem as restrições impostas, mas admitem que não podem controlar totalmente o que acontece em suas cadeias de suprimentos, especialmente dentro da China.
Uma das estratégias reveladas pelo NYT envolve executivos chineses que, após as restrições, criaram novas empresas para continuar operando. Um caso notável é o da Sugon, uma empresa de tecnologia que colabora com os militares chineses. Seis meses depois de ter sido incluída na Lista de Entidades Controladas, seus ex-executivos fundaram uma nova empresa chamada Nettrix, que rapidamente se tornou um dos maiores fabricantes de servidores de IA na China. NVIDIA, Intel e Microsoft fizeram parceria com essa nova empresa, alegando que estão cumprindo a lei apesar das restrições.
O relatório também revelou que os chips dos EUA foram usados em sistemas de supercomputação que apoiam a pesquisa militar na China, incluindo o desenvolvimento de armas nucleares e torpedos, bem como na análise de assinaturas de radar de aeronaves furtivas. Este documento destaca a dificuldade de implementar e aplicar sanções tecnológicas em um mundo interconectado, onde as empresas encontram maneiras de contornar as restrições para continuar operando e fornecendo tecnologia avançada para países sancionados.